Depois de um interregno significativo, mas não definitivo, o coletivo 'Salitre' ressurgiu com um novo livro.
As dificuldades para manter o projeto de pé não são poucas, numa "altura em que todos baixam os braços" e o online dita a sua lei. Todavia, está aí o volume IV, que nos deleita com magníficas fotografias de "tudo o que tem a ver com o surf".
Os esplêndidos instantâneos foram captados de Norte a Sul da costa continental portuguesa, mas também há espaço para a 'Pérola do Atlântico', o arquipélago da Madeira.
Ao longo de 112 páginas, que são uma "espécie de best of" de 2024 e 2025, 'Salitre' mergulha-nos numa "viagem puramente visual", diz André Carvalho, um dos fotógrafos do coletivo.
Radicados em diferentes pontos do país, os restantes integrantes do projeto são nomes que também partilham a inspiração pelo mar e dispensam grandes apresentações: Hélio António, João Bracourt e Tó Mané. Do coletivo também fazia parte Pedro Mestre, mas não está presente neste novo volume.
André Carvalho
Em tempo de Natal, eis uma bela prenda para colocar no sapatinho. O preço unitário é de 24,90 euros, sendo esta uma edição de colecionador que pretende continuar a "contribuir para a cultura do surf" e "não deixar as coisas morrer no digital".
É pegar ou largar, pois não haverá mais do que os atuais 600 exemplares impressos. O livro só pode ser adquirido através de contacto (mensagem privada) com a página de Instagram do coletivo 'Salitre' .
Numa altura em que se encontrava na Madeira com Alex Botelho à caça de ondas e imagens incríveis, André Carvalho encontrou um espacinho para estar à conversa com o MEO Beachcam sobre esta iniciativa que está intimamente ligada a si.
Como surgiu a ideia de lançar o quarto volume do 'Salitre'?
O ano passado não fizemos porque isto é muito complicado. Não temos apoio de marcas grandes, que quase não apoiam projetos culturais. O livro acaba por ser quase um objeto cultural. Na edição anterior, já tinha sido complicado. De 1700 exemplares passámos para 1000. Este ano, o Pedro Mestre quis sair e ficámos na dúvida se fazíamos ou não. A verdade é que este ano e meio também deu para acumular material fixe. Quando comecei a paginar, percebi que íamos ter um bom livro. Conseguimos ir aos mínimos e fizemos 600 exemplares. Achamos sempre que é melhor publicar. Não conseguimos é assegurar a anuidade.
João Bracourt
Dadas as dificuldades inerentes à realização da obra, a concretização do novo livro deixa um grande sentimento de orgulho?
Sim. Se pensares que a cultura do surf sempre foi um bocado antissistema, nós também somos um bocado antissistema e conseguimos publicar uma edição impressa. Somos dos poucos na Europa. Todos baixam os braços e nós continuamos a fazer força.
Quem adquirir o volume IV do 'Salitre', o que vai encontrar?
São imagens de surf e de tudo o que tem a ver com o surf, que não é só a manobra. As pessoas vão encontrar lineups, lifestyle, manobras e ondas de sonho. Tudo inteiramente fotografado em Portugal nos anos de 2024 e 2025. É uma espécie de best of destes dois anos. Não vão encontrar imagens antigas.
A imagem de capa é uma fotografia do Tó Mané que exibe o João Mendonça a entubar na temida Cave. Há alguma motivo especial para a escolha desta fotografia?
O motivo especial é porque se trata de uma onda altamente desafiadora. Também acho que o Mendonça é um bocado um surfista antissistema no sentido em que procura tubos e ondas de consequência. O João também faz campeonatos, mas não sei se com o mesmo prazer que procura ondas boas. Gostamos de surfistas que vão surfar e não treinar. É com isso que nos identificamos.
Foto de capa - João Mendonça na Cave
Tó Mané
Ao longo destes anos qual tem sido o feedback das pessoas ao projeto?
Estranhamente, muitas pessoas não sabem da existência do livro. Lá está, a comunicação 'main stream' pouco ou nada fala sobre o assunto. Não divulgam. O jornal 'Público' através do suplemento 'Fugas' fez um artigo connosco, mas as pessoas estão um pouco desligadas. Passa um bocado ao lado. Às vezes tenho pessoas que ficam a conhecer o livro, acham incrível e pedem os volumes todos que estão para trás. Já não é possível. Só temos poucas edições do terceiro volume.
O 'Salitre' surge numa altura em que o online predomina sobre o papel. Como observas esta realidade?
O papel nunca vai acabar. Sou completamente contra aquela teoria que o online matou o papel. São linguagens completamente distintas e que se complementam. Nós temos online no nosso livro, com QR Codes que ligam ao YouTube, onde as pessoas podem ver as sequências. Não somos de todo contra a tecnologia. Acho que deve ser utilizada a nosso favor. Há coisas digitais ótimas, mas também há muito lixo digital que não conseguimos arrumar. Acho que há lugar para tudo, desde que seja bem feito.
Hélio António
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