No próximo Sábado, dia 30 de agosto, o movimento Reabrir a Galé e seus apoiantes vão de novo entrar em ação para sinalizar os abusos que vêm sendo cometidos na costa entre Troia e Melides. Queremos reclamar este território e conhecer melhor as suas especificidades ecológicas e geológicas.
Por isso, marcamos encontro pelas 10h, no cruzamento da estrada nacional que vai para Melides com a estrada que conduz à Praia da Aberta Nova, onde os investidores milionários têm vindo a monopolizar o espaço.
Caminhando até à costa, vamos fazer um levantamento daquilo que tem sido construído. Às 10h45 estaremos no estacionamento da Aberta, Nova para daí iniciarmos um passeio guiado pelo ecossistema do cordão dunar e das arribas fósseis.
E como nem só de descoberta e protesto vivemos, às 12h30 organizamos um piquenique na praia — é só trazer farnel para partilhar. Entre as 14h e as 15h, vamos segurar as nossas faixas com palavras de ordem junto à área concessionada na praia. Depois, o céu e o mar são o limite.
Divulgação
Declaração de Intenções
Quem somos
Somos um grupo de cidadãos que vê com preocupação a sistemática destruição da costa alentejana entre Troia e Melides e as zonas adjacentes ao estuário do Sado.
Questão ecológica
Estes territórios são biomas ricos, caracterizados por uma diversidade de espécies e por um equilíbrio instável, de fundamental preservação, em especial num período histórico em que a zona costeira está sujeita ao avanço das águas do mar. Os cordões dunares estão a ser desmantelados e os aquíferos exauridos e contaminados pelo uso de pesticidas. Mesmo que tudo isto parasse agora, seriam precisas dezenas de anos para reparar os estragos já feitos, acreditando nessa esperançosa possibilidade.
Porém, à revelia das associações de cidadãos e das ONGs empenhadas em preservar este território, as Câmaras Municipais e o governo central continuam a permitir a implementação de vastas áreas de agricultura intensiva e de empreendimentos turísticos de luxo.
Cidadania manietada
De facto, a simplificação do licenciamento e autorização de construção ou de reconversão de terrenos (vide PIN, projetos de Potencial Interesse Nacional) contrasta com o peso burocrático inerente aos processos de participação popular e ainda com a sistemática recusa da Câmara Municipal de Grândola (CMG) em fornecer informações sobre estas alterações do território. Tal obstrução ao exercício da cidadania torna-se ainda mais difícil de superar pelo facto de a maior parte das associações e organizações de cidadãos serem constituídas em regime de voluntariado, por pessoas com tempo limitado, por terem obrigações noutras esferas da sua vida.
Problemas sistémicos e população local
Estamos diante de um conjunto de problemas sistémicos com vastas implicações, em particular para a população local, que se vê privada de acesso a habitação digna, devido ao aumento de preços, adaptados aos investidores milionários. Mais, apesar de a CMG ter um dos maiores orçamentos nacionais, decorrente da cobrança das taxas de IMI, continua a não assegurar equipamentos essenciais.
Identificam-se várias áreas de intervenção prioritária:
- na educação pública (falta de escolas e de creches);
- na habitação (ausência de habitação social);
- na saúde pública (falta de centros de saúde e um único hospital que serve cinco concelhos do litoral e tem cada vez mais dificuldade em fixar um corpo médico, também devido ao preço incomportável da habitação);
- as infraestruturas (em particular, estradas a necessitar de intervenção).
Também nos ocorre questionar as condições para a continuidade da Romaria de Nossa Senhora do Rosário de Troia, património imaterial que remonta ao século XVI. Esta festa religiosa e popular desenrola-se durante cinco dias na Península de Troia, que está tomada pelos negócios imobiliários de luxo, com acesso cada vez mais restrito à população local.
Pensar e sonhar juntos
Queremos questionar a demagogia do discurso greenwashing, que nega o impacto ecológico de práticas como a agricultura intensiva de estufa e os empreendimentos de turismo de luxo, com campos de golfe implementados a 500 metros do mar.
Queremos questionar um modelo político-económico incapaz de definir uma estratégia de desenvolvimento sustentável, considerando impactos a médio e longo prazo, no atual contexto de crise ecológica global.
Queremos que se desenhem planos de ordenamento e gestão do território que respeitem e protejam as áreas mais ecologicamente sensíveis, em particular este território sobre o qual nos debruçamos.
Queremos que se constitua uma comissão de avaliação independente, integrada por uma equipa científica capaz de estimar os efetivos custos naturais e humanos destas opções.
Queremos que sejam colocadas providências cautelares para impedir a continuação dos projetos em curso e que seja considerada a possibilidade de indemnização dos empresários envolvidos nestes projetos e nos projetos já implementados.
Queremos um turismo assente nos princípios e nos valores constitucionais da igualdade de oportunidades de acesso e de usufruto dos bens paisagísticos e dos recursos naturais dos territórios.
Queremos promover um efetivo acesso às praias e à fruição desta costa, nomeadamente através da reabertura do Parque de Campismo da Galé.
Queremos aumentar a visibilidade destes problemas, promovendo um diálogo da sociedade civil que envolva sobretudo a população local.
Queremos cooperar com as várias entidades/pessoas/associações já dedicadas a defender este território.
Queremos sonhar em conjunto um futuro mais justo e sustentável, em que os biomas e as pessoas sejam mais importantes do que o lucro imediato.
Através da rede de livecams , podes visua lizar em direto e em tempo real toda a evolução do estado do mar e da praia.
Podes também confirmar as previsões relativas a todas as praias através da nossa página Praias Beachcam .
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