Tetracampeã mundial ISA de surf adaptado, Marta Paço esteve em Portimão no último fim de semana para participar na quarta e penúltima etapa do Para Surf League World Tour versão 2024/2025.
Segundo a jovem para surfista, que teve a companhia do inesperável treinador Tiago Prieto, este tratava-se do "primeiro campeonato internacional de surf adaptado em Portugal".
Porém, o evento integrado no cartaz do Portimão Surf Fest acabou por não se realizar. A atleta de Viana do Castelo explicou que tal situação ocorreu "devido a um conjunto de fatores, como as condições meteorológicas", num fim de semana em que o território continental foi afetado pela passagem da depressão Jana.
Na sequência deste desfecho, Marta Paço recorreu às redes sociais onde publicou uma longa carta aberta dedicada ao surf adaptado, na qual defende mudanças na estrutura e organização dos campeonatos da modalidade.
Diz Marta que o fim de semana vivido no Algarve foi uma "oportunidade para refletir, e quem sabe para refletirmos todos, sobre o rumo que queremos dar ao nosso desporto, o valor que lhe queremos atribuir e a dignidade que achamos que merece".
Repetindo o que já disse "muitas vezes publicamente", a para surfista minhota referiu que é necessário "parar de olhar para o desporto adaptado como algo terapêutico e começar a olhar para ele como uma carreira profissional e para os atletas como atletas no sentido literal da palavra".
Para que tal aconteça, no seu entender, "todos os eventos de surf adaptado devem ser exemplares em estrutura, organização, seriedade e, acima de tudo, comunicação clara, coerente e sincera".
"Temos de parar de olhar para nós, atletas com deficiência, como atletas de classe inferior e começar a ter orgulho naquilo que somos e que fazemos", considera a atleta invisual.
Mais do que a "quantidade de campeonatos", Marta Paço diz que deve-se "garantir a qualidade de todos eles".
"Antes de ambicionarmos participar nos Jogos Paralímpicos, temos que nos preocupar em criar um (e apenas um) circuito mundial bem definido, claro, com continuidade, com profissionalismo, coerência, estrutura e dignidade", analisa.
"Antes de voarmos, precisamos de uma base sólida, de uma comunidade unida, de federações e organizações envolvidas e de ouvir treinadores, atletas e dirigentes", defende.
Em suma, a tetracampeã do mundo ISA considera que é necessário "repensar e refazer" parte do que já foi conquistado, afirmando mesmo que esse exercício é "indispensável", mesmo que venha a ser "difícil para todos".
Na parte que lhe toca, garante que irá continuar a "apoiar todas as iniciativas que conseguir e a lutar pelo para surfing enquanto desporto".
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