"Queremos dar aos surfistas a oportunidade de surfar Pipeline a sério" foi este o mantra da World Surf League (WSL) para fechar o Pipe Pro, etapa inaugural do CT 2025, nos dois últimos dias do período de espera.
Confirmando as previsões, o que nem sempre sucede, a última sexta-feira foi absolutamente épica em Pipeline, que finalmente mostrou as garras e fez jus à denominação de onda rainha do surf mundial.
Nada faltou num dia que promete ficar para a história da temporada que está agora a começar: mar pesado, drops insanos, tubos alucinantes, wipeouts assustadores, duas nota máximas (10,00 pts) e a cereja no topo do bolo é um surfista que já tem mais de 100 heats conquistados em Pipe.
Os surfistas e os fãs estavam ávidos por tudo isto. É para dias destes que vivemos! Isto num campeonato que estava a ser marcado por eternos lay days e pela escassez tubular quando havia ação.
George Pittar
WSL/Tony Heff
No North Shore da ilha havaiana, a jornada foi dedicada em exclusivo ao setor masculino, com a realização de 24 baterias sempre em formato de heats sobrepostos (overlapping). Um carrossel de duelos num insaciável banquete tubular, seja para Pipe ou Backdoor, que prolongou-se horas a fio. Mais houvesse!
A ronda 3, que abriu as hostilidades, teve vários pontos de interesse e emoções fortes. Desde logo, a extraordinária exibição do campeão mundial John John Florence ao somar uns robustos 17,30 pts em 20 possíveis. A 'vítima' foi o rookie Jackson Bunch, que assistiu de lugar privilegiado à prestação do detentor de um título que não vai defender durante o ano. Uma pena!
Na bateria anterior, no confronto com o rookie Marco Mignot, o brasileiro João Chianca obteve uma vitória emotiva na onda em que há pouco mais de um ano sofreu um wipeout quase fatal e há dois dias sofreu novo incidente que provocou um profundo corte na boca. Infortúnio que quase deixou 'Chumbinho' fora do evento havaiano.
John John Florence
WSL/Ton
Criticado muitas vezes por não sentir-se confortável em ondas de consequência, o bicampeão mundial Filipe Toledo mostrou que também sabe entubar em Pipeline nos dias de verdade ao dominar de A a Z o desafio com o compatriota Deivid Silva.
A ronda 3 foi inevitavelmente marcada pela 100.ª vitória de Kelly Slater em heats disputados em Pipe, arena onde é o recordista de vitórias com oito coroas. O verdadeiro Pipe Master!
Se o mais veterano dos surfistas em prova, com 52 anos (!), esteve em grande plano, o mesmo aconteceu com os novatos.
O australiano Joel Vaughan eliminou Jordy Smith, enquanto o compatriota George Pittar deixou pelo caminho Griffin Colapinto, que tarda em afirmar-se plenamente em ondas de consequência.
Entre os rookies, o momento mais alto foi protagonizado pelo primeiro surfista mexicano a competir a tempo inteiro no CT. Numa super bateria, Alan Cleland provocou a surpresa ao derrotar Jack Robinson, que fez uma nota máxima e mesmo assim não chegou para seguir em frente. O que a falta de um backup fez...
Jack Robinson
WSL/Tony Heff
Depois, nos oitavos-de-final, Miguel Pupo marcou encontro com o compatriota Italo Ferreira após novo triunfo em que beneficiou de uma interferência do oponente, no caso João Chianca. Horas antes, tinha sido o destemido Ramzi Boukhiam a facilitar a tarefa do Pupo mais novo.
Nesta fase, o surfista em maior destaque foi o havaiano Barron Mamiya. Campeão em título do Pipe Pro, Barron derrotou curiosamente o surfista que bateu nessa final: nada mais, nada menos do que o wildcard John John Florence.
Neste embate entre dois surfistas do North Shore, a história voltou a repetir-se em toda a linha, com Barron a protagonizar nova nota 10 para atirar o campeão mundial para o seu desejado ano sabático.
O próximo adversário de Mamiya é o norte-americano Jack Marshall, responsável pelo afastamento de Filipe Toledo, que despede-se do Pipe Pro num honroso nono posto.
No outro lado do quadro, a grande figura é um surfista de 52 anos de idade. O convidado Kelly Slater já está nos quartos-de-final e promete lutar pela nona vitória da carreira na onda que domina como poucos.
Nos 'oitavos', KS deu espetáculo ao oferecer uma combinação ao australiano Ethan Ewing, vingando-se assim da eliminação às mãos de EE no Pipe Pro do ano passado. Foram 17,16 pts somados.
Kelly Slater
WSL/Tony Heff
Slater vai discutir um lugar nas meias-finais com o brasileiro Ian Gouveia. Regressado ao CT, o filho de Fábio Gouveia - que foi adversário de Kelly nos idos do século passado - assume-se como um dos 'outsiders' do prestigiado evento havaiano.
Nem mesmo o facto de ter iniciado a sua participação no campeonato com 22 pontos numa perna tem atrapalhado a bonita caminhada deste goofy de 32 anos, que mostra muita perícia tubular.
O alinhamento dos 'quartos' fica completo com o rookie George Pittar, que bateu o japonês mais português Kanoa Igarashi no último suspiro, e o italiano Leo Fioravanti, único europeu em prova e também outro 'outsider', não esquecendo que Leo foi finalista vencido em 2023.
Highlights do dia
WSL
Este sábado, a previsão indica a descida do mar, mas os tubos devem continuar a quebrar para a muito aguardada coroação dos campeões do Pipe Pro.
Como sempre, chamada acontece às 17h45 (hora de Portugal continental) para potencial início de ação às 18h03.
Resultados ronda 3 masculina:
HEAT 1: Italo Ferreira (BRA) 13.00 DEF. Edgard Groggia (BRA) 5.93Resultados oitavos-de-final masculinos:
HEAT 1: Italo Ferreira (BRA) 14.40 DEF. Seth Moniz (HAW) 11.83Heats quartos-de-final masculinos:
HEAT 1: Italo Ferreira (BRA) vs. Miguel Pupo (BRA)
Heats quartos-de-finais femininos:
HEAT 1: Lakey Peterson (USA) vs. Isabella Nichols (AUS)
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