Investigadores internacionais concluíram que o canto das baleias-jubarte ou corcundas tem uma estrutura semelhante à da linguagem humana, de acordo com um estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.
A linguagem é considerada, desde há muito, um traço distintivo dos humanos, com características que a distinguem da comunicação de todas as outras espécies, mas a estrutura detectada no canto das baleias mostra uma “profunda semelhança” entre as duas espécies não relacionadas, “unidas pelo facto de os seus sistemas de comunicação serem transmitidos culturalmente“.
O estudo resultou de “uma colaboração única entre linguistas, cientistas do desenvolvimento, biólogos marinhos e ecologistas comportamentais”, tendo sido publicado na semana passada na revista científica 'Science'.
Segundo um comunicado divulgado pela universidade israelita, os investigadores utilizaram métodos inspirados no estudo do modo como os bebés descobrem palavras na fala para analisar oito anos de dados recolhidos na Nova Caledónia [território francês no Oceano Pacífico] de cantos de baleias-jubarte, que revelaram as "mesmas estruturas encontradas em todas as línguas humanas”.
Foram detetadas “partes recorrentes cuja frequência seguia de perto uma distribuição distorcida específica, não encontrada anteriormente em nenhum outro animal não humano”.
“Este trabalho mostra como a aprendizagem e a transmissão cultural podem moldar a estrutura dos sistemas de comunicação: podemos encontrar estruturas semelhantes sempre que um comportamento sequencial complexo é transmitido culturalmente”, refere Inbal Arnon, citada no comunicado, acrescentando que isso “levanta a curiosa possibilidade de as baleias-jubarte, tal como os bebés humanos, poderem aprender o seu canto localizando probabilidades de transição entre elementos sonoros” e usando essa informação para o segmentar.
Outra das investigadoras principais, Ellen Garland, da Universidade de St. Andrews (Escócia) ressalva que “o canto das baleias não é uma linguagem” por lhe faltar “significado semântico”.
“Pode lembrar mais a música humana, que também tem esta estrutura, mas não tem o significado expressivo que se encontra na linguagem” e “continua a ser uma questão em aberto” se as unidades detetadas “são relevantes para as próprias baleias”.
“(O estudo) sugere que a nossa compreensão da evolução da linguagem pode ganhar não só com a observação dos nossos parentes primatas mais próximos, mas também de casos de evolução convergente noutras partes da natureza”, afirma o professor Simon Kirby, da Universidade de Edimburgo (Escócia), também responsável pela investigação.
O cientista considera que deverá ser tido em conta não só “o modo como a língua é utilizada para expressar significado”, mas também como ela é “aprendida e transmitida culturalmente ao longo de várias gerações”.
A investigação contou ainda com a colaboração de cientistas de instituições da Nova Caledónia, Nova Zelândia e Austrália.
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