Cientistas descobriram uma nova espécie de peixe que vive na bacia do rio Sado, revelou o CE3C - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Embora o escalo-do-Sado só tenha sido descoberto agora, a sua “existência pode estar já a ser posta em causa pelas ameaças que o ecossistema [em que vive] enfrenta”, adianta o CE3C em comunicado.
O estudo sobre a descoberta, que tem como primeira autora Sofia Mendes, doutoranda do CE3C, foi publicado na passada segunda-feira na revista científica 'Limnetica'.
O escalo-do-Sado (Squalius caetobrigus), cujo nome científico pretende homenagear a região de Setúbal, designada de Caetobriga pelos romanos, “é o mais recente representante dos peixes nativos de água doce de Portugal”.
Da mesma família são o escalo-do-Arade (Squalius aradensis), que existe apenas nos rios do sudoeste algarvio, o escalo-do-Mira (Squalius torgalensis), que habita apenas nesse rio, ou o bordalo (Squalius alburnoides), cuja genética é há décadas estudada.
Os investigadores recolheram peixes nos afluentes do Sado e analisaram também espécimes das coleções do Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN, Madrid), tendo a par dos dados genéticos recorrido à Tomografia Computadorizada para examinar os seus ossos e comparar com as espécies já conhecidas.
“Estas comparações revelaram que a nova espécie do Sado tem características únicas que se distinguem das restantes espécies de escalos da Península Ibérica, por exemplo ao nível do número de escamas da linha lateral ou de certas características dos ossos do crânio”, refere Sofia Mendes, citada no comunicado.
“O futuro do escalo-do-Sado parece, contudo, incerto, já que a circunscrição dos peixes de água-doce às linhas de água que habitam os tornam particularmente vulneráveis às ameaças”, alerta o CE3C.
Segundo o centro de investigação, a "bacia hidrográfica do Sado partilha as pressões (ambientais) com outras da região mediterrânica, estando fadada a um regime de intermitência no caudal das ribeiras que secam no verão – reduzindo-se a pequenas poças desconectadas – e esperam pela próxima época chuvosa para se restabelecerem”.
Chama ainda a atenção para o facto de as alterações climáticas estarem a “aumentar a severidade e duração dos períodos de seca”.
Além disso, “a biodiversidade aquícola do Sado vê-se ainda a braços com a degradação do seu ‘habitat’ devido à poluição, captação excessiva de água para a agricultura e introdução de espécies exóticas invasoras”.
A investigação foi coordenada por Ignacio Doadrio (MNCN, Madrid) e integrou, além de Sofia Mendes, os cientistas Silvia Perea (MNCN, Madrid), Vítor Sousa (CE3C) e Carla Sousa Santos (MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente).
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