O Brasil emitiu 2,3 mil milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2023, registando a maior queda percentual nas emissões desde 2009, de acordo com dados divulgados pelo Observatório do Clima.
A entidade, formada por um consórcio de 119 organizações não-governamentais incluindo o Greenpeace, World Wide Fund for Nature (WWF) e a Conservação Internacional, destacou que o total de gases de efeito estufa emitido o ano passado no Brasil registou uma redução de 12% face a 2022, quando o país lançou na atmosfera 2,6 mil milhões de toneladas.
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, as emissões causadas pelas mudanças de uso da terra, que respondem por 46% de todos os gases de efeito estufa que o Brasil emitiu em 2023, registaram uma queda de 24%.
A organização credita o resultado positivo ao controlo do desflorestamento na Amazónia, retomado em 2023 com o regresso do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazónia, do Ministério do Meio Ambiente, já que os dados recolhidos indicaram que nos outros biomas brasileiros as emissões de gases de efeito estufa por conversão de vegetação nativa aumentou.
No Cerrado (bioma localizado na região centro-oeste do Brasil) houve aumento de 23%, na Caatinga (bioma localizado no nordeste do país) 11%, na Mata Atlântica (bioma localizado em grande parte do litoral) 4%, enquanto no Pantanal (também na região centro-oeste) a subida foi de 86%.
Já no Pampa (localizado na região sul do Brasil) as emissões por conversão de uso da terra caíram 15%, mas o bioma responde por apenas 1% do setor.
"A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC [sigla em inglês que denomina o compromisso de cada país signatário do Acordo de Paris de reduzir a poluição para que o aquecimento global não ultrapasse 1,5°C neste século], o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazónia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes", avaliou David Tsai, coordenador do SEEG, do Observatório do Clima.
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