Numa altura em que o surf australiano de competição está a atravessar um grande momento, Jack Robinson e Molly Picklum são os líderes dos rankings mundiais, um dos grandes nomes do surf 'aussie' dos últimos largos anos anunciou publicamente que vai deixar de competir muito em breve.
Owen Wright vai colocar o ponto final na carreira após a participação no Rip Curl Pro Bells Beach, quarta etapa do circuito mundial de surf de 2023 e onde estará presente graças a um wildcard atribuído pela World Surf League (WSL) e a Rip Curl, 'main sponsor' do evento e marca que há muito patrocina Wright.
"O Owen tem sido um verdadeiro embaixador do surf, fazendo história tanto ao nível do CT como dos Jogos Olímpicos. Vamos sentir muito a sua ausência do Tour", confidencia Erik Logan, CEO da WSL, em comunicado.
À semelhança do que sucedeu com o compatriota Mick Fanning em 2018, Owen Wright dirá adeus na onda de Bells Beach, um dos mais míticos palcos do surf mundial.
"A minha família, a minha equipa médica e eu concordámos que esta seria o local perfeito para competir pela última vez. Será incrível competir em frente aos meus amigos, família e fãs por uma última vez em Bells", disse o surfista de 33 anos na sua declaração de despedida.
Irmão de Mikey e Tyler Wright, Owen chegou à elite mundial em 2010, temporada em que deu logo nas vistas ao ser o estreante do ano. Uma vez chegado ao CT, de lá só saiu de forma definitiva em 2022 na sequência do cut.
A sua melhor classificação no final de uma época foi o terceiro posto em 2011, tendo alcançado quatro triunfos em 102 aparições entre a elite mundial, numa carreira que fica inevitavelmente marcada pela grave lesão cerebral sofrida na onda de Pipeline em 2015 devido a um wipeout. Um incidente que deixou Owen Wright fora da ação durante mais de um ano. Esse foi o tempo de uma longa recuperação, na qual teve de reaprender a andar.
Na primeira prova em que voltou a vestir a licra do CT, o goofy 'aussie' triunfou em Snapper Rocks, protagonizando uma das histórias mais emocionantes em torno do circuito mundial de surf.
"Depois da minha lesão cerebral traumática em 2015, o que inspirou a minha recuperação foi o desejo de provar a minha próprio e ao mundo que ainda podia ser grande e ultrapassar incidente que colocou em risco a minha vida. Agora, oito anos depois, após desafios e conquistas, posso olhar com felicidade para trás, pois sei que alcancei esse objetivo", diz o experiente surfista australiano.
No mesmo texto, o medalhado de bronze na primeira prova olímpica de surf da história explica que tendo em conta o seu "recente histórico de lesões na cabeça e concussões, competir em algumas das ondas mais pesadas do planeta não é mais do interesse" da sua saúde a longo prazo.
"Durante a minha carreira, notabilizei-me nestas condições, mas o risco associado a este tipo de surf é demasiado relevante para alguém que está na minha posição, atendendo ao meu histórico".
Ainda assim, Owen assegura que o surf continuará a fazer parte da sua vida. Sessões em ondas de consequência é que estão fora dos planos para o futuro. "Não vou abandonar o surf. Apenas deixarei de surfar ondas pesadas. Espero continuar a surfar o resto da minha vida."
O goofy australiano, o primeiro conseguir a conseguir dois scores combinados máximos (20,00 pts) no mesmo evento, não esconde que "ama o surf" e "agradece à modalidade" tudo aquilo que tem.
Daqui para a frente, Wright espera igualmente aprofundar a sua ligação a questões relacionadas com a saúde mental no desporto. "Espero que neste novo capítulo da minha vida, possa ajudar ao ser uma voz na saúde mental e um porta-voz dos atletas que sofreram lesões cerebrais traumáticas e concussões durante as suas carreiras", afirmou.
Este é aliás um trabalho que o surfista de 33 anos tem vindo já a desenvolver e para o qual agora terá naturalmente maior disponibilidade para dar o seu importante contributo.
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