A primavera chegou há pouco mais de uma semana e trouxe consigo um punhado de dias bem agradáveis, depois de um longo e duro inverno, marcado por muita chuva em determinados momentos e dias gélidos.
No território continental português, este arranque da nova estação tem sido acompanhado de temperaturas bem amenas (a dar já um cheirinho de verão), com o sol a brilhar, ainda que por entre algumas nuvens.
Tudo ingredientes que convidam a população a deslocar-se até às praias e em muitos casos para abrir as hostilidades no que toca a mergulhos no mar. Porém, apesar do tempo primaveril, o mar por estes dias ainda continua em modo inverno, com todos os perigos inerentes que tal situação representa. Ainda para mais, a temperatura da água não tem estado fria, o que para além de ser mais convidativo para uma ida a banhos, representa igualmente maior risco para hipotéticas situações de perigo.
Neste âmbito, os últimos dias na Praia de Carcavelos, no concelho de Cascais, "têm sido um sufoco", conta Pedro Braz, um dos coordenadores da Associação Humanitária de Segurança e Salvamento Aquático Brave Heart, em conversa com o MEO Beachcam. Uma situação igualmente testemunhada por "quem está na praia, sejam escolas de surf e instituições relacionadas, que têm visto e sentido esta falta de noção e responsabilidade".
Numa altura em que ainda estamos longe do início da época balnear, a Brave Heart assegura desde o passado dia 18 de janeiro a vigilância diária (10h00 às 17h00) de meia dúzia de praias do concelho de Cascais. A saber: Praia de Carcavelos, Praia da Parede, Praia de São Pedro do Estoril, Praia das Moitas, Praia da Duquesa e Praia da Conceição.
Em Carcavelos, onde está montado um dispositivo de cinco nadadores-salvadores, tudo tem estado mais complicado face ao "mar traiçoeiro" verificado. Através de uma publicação na sua página oficial de Instagram, a Brave Heart fez saber que efetuou um total de 12 resgates aquáticos entre a passada terça e quarta-feira. Resgates esses envolvendo uma faixa etária mais nova da população. Ali, "entre os 12 e os 25 anos", diz-nos Pedro Braz.
Os bem-conhecidos e perigosos agueiros são a "maior causa dos resgates aquáticos" que ocorrem nas águas do famoso beach break lisboeta.
Pedro Braz explica que "por ser de inverno, as caraterísticas do mar são diferentes daquilo que encontramos no verão, nomeadamente aqui em Carcavelos, onde tudo fica muito paradinho".
Nesta fase, existe "muito mais agitação marítima, o que acaba por provocar mais correntes, nomeadamente agueiros, que são a maior causa dos resgates aquáticos que temos aqui nas praias".
Um dos coordenadores da Associação Humanitária de Segurança e Salvamento Aquático Brave Heart considera que tudo isto sucede porque em "muitas pessoas ainda não existe a cultura de mar, de modo a entender o que é um agueiro e como reagir a essa situação".
Para evitar surpresas desagradáveis quando se decide entrar na água neste momento do ano, Pedro Braz elenca alguns cuidados a ter.
"Desde logo, é necessária muita análise do mar. Tentem informar-se dos perigos por iniciativa própria. Antes de entrar numa situação exposta a um agueiro, deve-se também falar com os nadadores-salvadores e tentar perceber o que está a acontecer no mar", começa por dizer.
Em caso de entrada na água, o comportamento a adotar é "ir sempre acompanhado e nunca sozinho. Caso seja necessária ajuda no mar, o essencial é manter calma, não contrariar e levantar o braço a pedir ajuda. Nas praias que são vigiadas este é um gesto que facilita bastante".
Se porventura, o banhista for apanhado num agueiro aquilo que deve ser feito é "deixar que a corrente leve para fora, não contrariar a mesma e nadar lateralmente à praia. Assim vão conseguir escapar da corrente do agueiro e apanhar uma onda de regresso ao areal. Os banhistas que sentem que estão a ser levados para longe da praia não devem tentar lutar contra a corrente. Progressivamente vão ficar mais cansados, mais nervosos e assim agir pior. Na nossa página de Instagram, temos em exibição um vídeo explicativo sobre como reagir a um agueiro".
Por último, Pedro Braz destaca ainda o apoio que os surfistas presentes no lineup podem dar quando este tipo de situações ocorrem. "Temos a noção de que podem ser um apoio dentro de água. Normalmente, os surfistas experientes têm conhecimento do mar, sabendo reagir. Sabemos que por diversas ocasiões são eles que nos ajudam porque já estão nos locais que muitas das vezes dão problemas com os banhistas", revela.
Através da rede de livecams, podes visualizar em direto e em tempo real toda a evolução do estado do mar e da praia.
Podes também confirmar as previsões relativas a todas as praias através da nossa página Praias Beachcam.
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