Pipeline marcou o arranque da temporada 2023 do CT, numa etapa que promete não ficar na história em termos globais, mas que acabou por ter os seus pontos de interesse. Com ondas aquém do esperado para a fama da arena havaiana e com triunfos pouco surpreendentes de Carissa Moore e Jack Robinsono
O Billabong Pro Pipeline chegou ao final com algumas notas de destaque.
Eis sete pontos sobre a etapa inaugural do CT 2023.
Jack Robinson – O jovem australiano é um dos melhores tube riders do Mundo, mas não foi por isso que saiu como vencedor em Pipe. A chave do triunfo foi a forma como se foi adaptando às condições, escolhendo a estratégia perfeita até final. Não foi à toa que pelo caminho derrotou Gabriel Medina, John John Florence e João Chianca. Foi a prova de que é novamente um sério candidato ao título mundial. Porque os campeões são também aqueles que melhor se sabem adaptar a cada etapa, a cada onda e a cada dia de comeptição
John John Florence e Medina – Foram os dois surfistas que brilharam mais alto na competição em termos de performance individual. Medina primeiro, John John depois e com uma prestação do outro Mundo. Alguns dos momentos do campeonato foram deles, mas o mar e um Jack Robinson muito assertivo acabaram por não permitir que os dois principais favoritos na etapa e ao título mundial saíssem de Pipe de sorrisos nos lábios. Foram apresentações mornas, com ligeiro ascendente para Florence.
Kelly Slater – Depois do histórico triunfo de 2022, Slater não conseguiu entrar da melhor forma na nova temporada. Pior que a eliminação na ronda 3, foi a performance inexistente numa bateria praticamente sem ondas de qualidade. Pior ainda que o resultado em Pipe é o facto de olhar em frente e perceber que as próximas quatro etapas não vão ter este tipo de onda. Estaremos perante um Slater em problemas para passar o cut do meio do ano, arriscando uma saída da elite mundial pela porta pequena? Irá a WSL salvaguardar esse cenário e salvá-lo com um wildcard? Agora, imaginem o cenário de John John ser o único surfista da conexão havaiana/norte-americana a fazer o cut… É altamente improvável de acontecer, mas isso aliado a um wildcard de Slater significaria o apuramento automático para Paris’2024. KS ainda tem muito para dar ao Tour, nem que seja na construção destes supostos cenários.
João Chianca – A maior lufada de ar fresco do Tour de 2022 regressou em grande ao sítio de onde nunca deveria ter saído. João Chianca vingou a triste sina que teve no ano passado e chegou até às meias-finais. Pelo meio superou o campeão mundial Filipe Toledo. Ainda agora a época começou e já o jovem brasileiro mostrou que este ano não quer passar pelo mesmo sofrimento do ano passado. Foi a vingança do talento e o começo de uma carreira muito promissora no Tour. Uma boa performance em Pipe que lhe pode ter valido uma vaga em Teahupoo, na segunda metade da época, onde todos o aguardamos ver em competição.
Carissa Moore – Um triunfo com naturalidade, que só espanta ter acontecido pela primeira vez. O domínio de Carissa foi total e nem Molly Picklum, que lhe roubou o triunfo no Pipe Masters de dezembro, a conseguiu importunar. A havaiana está novamente lançada para uma grande temporada, embora já saiba que chegar ao final da fase regular na frente do ranking pode não valer grande coisa. Ainda assim, parece provar mais uma vez que em temporada corrida ninguém é mais forte que ela.
Teresa Bonvalot – Nota positiva para a estreia da surfista portuguesa em Pipeline, onde fintou todas as complicações inerentes a alguém que ali chega de forma inesperada, por infortúnio de outra surfista. Teresa conseguiu escapar à eliminação de primeira, onde caiu, por exemplo, a campeã mundial Stephanie Gilmore. Pode parecer pouco, mas é um bom bálsamo para o que aí vem. A surfista portuguesa está no grupo das 9.ª classificadas e parte para Sunset com aspirações legítimas a conseguir algo mais, que a lance no ranking.
Opções – Pipeline esteve aquém do esperado, sobretudo se nos lembrarmos do ano passado. É a mãe natureza que dita as regras e até ao final da janela de espera não haveria nada de melhor. Foram dias de ondas medíocres, com poucas exceções pelo meio. Não se pode dizer o contrário, nem fechar os olhos. Poderia a organização ter feito melhor? Talvez. O primeiro dia de prova poderia muito bem ter sido histórico para o surf feminino, ao invés de ser apenas mais um dia meio aborrecido de prova masculina. E, depois, os homens competiriam em condições piores? E por que não? Até porque têm capacidade técnica superior para “camuflar” condições más de mar. Perdeu-se a oportunidade de acabar com o mito de que quando está mau entram as mulheres e “ganhou-se” um dos piores dias de competição que há memória…
Para acompanhar e confirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
Segue o Beachcam.pt no Instagram