O Hurley Pro Sunset Beach está a entrar na fase decisiva e daí duas conclusões podem ser imediatamente retiradas quanto ao roteiro do circuito mundial de surf de 2023.
Primeiro, a perna havaiana, que abriu a temporada, caminha a passos largos para o fim. Segundo, os melhores surfistas do planeta estão de malas feitas para Portugal. É verdade, faltam menos de três semanas para o início do MEO Rip Curl Portugal Pro. Por isso, inevitavelmente a ansiedade cresce a cada dia que passa!
Entre 8 e 16 de março, todos os caminhos desembocam na emblemática Praia de Supertubos, em Peniche.
Pelo segundo ano consecutivo, a etapa portuguesa do Championship Tour (CT) será colocada na água no mês do março, já na reta final do inverno no hemisfério norte, sendo novamente o único destino europeu da divisão máxima do surf mundial.
Em 2022, o mais famoso beach break do Oeste português agraciou os competidores com ondas para todos os gostos, o que possibilitou ação non-stop nos primeiros cinco dias da janela de espera. Foi prego a fundo, sem direito a qualquer folga. A ação só parou quando foram encontrados os campeões do evento penichense. Na memória, está ainda aquele domingo épico, com altas ondas, sol a brilhar e casa a abarrotar em Supertubos, pois os fiéis não faltaram à chamada, como sempre.
Devido à pandemia, o campeonato já não se realizava desde aquele distante outubro de 2019. As saudades já eram mais do que muitas por parte dos fãs nacionais e dos próprios tops mundiais, que têm aqui uma das etapas preferidas do calendário.
Este ano, o MEO Rip Curl Portugal Pro assume novamente uma posição crucial no desenrolar do calendário. Trata-se de uma prova bem importante para as contas dos rankings mundiais, que mais uma vez terão o muito badalado cut a meio da campanha. Peniche é o evento charneira entre a perna havaiana e as duas etapas australianas, que vão encerrar a primeira metade da época e determinar quais os surfistas que ficam acima do cut e garantem, desde logo, a requalificação para o CT 2024.
O norte-americano Griffin Colapinto e a brasileira Tatiana Weston-Webb foram os últimos vencedores do MEO Rip Curl Portugal Pro, evento em que os detentores da licra amarela eram inesperadamente o havaiano Barron Mamiya e a costarriquenha Brisa Hennessy.
Há um ano, Griffin colocou um ponto final no domínio brasileiro nos Super, uma vez que os surfistas de Vera Cruz haviam levado a vitória para casa nas três edições transatas.
Colapinto conquistou a primeira vitória da carreira no Tour e foi igualmente o autor da primeira nota máxima do CT 2022, graças a um magistral aéreo. Já Tati não deixou o surf brasileiro de mãos a abanar e fez a cortesia de colocar a língua de Camões no lugar mais alto do pódio.
Na Capital da Onda, que nestes dias vira capital do surf mundial, tanto Griffin como Tatiana não vão ter tarefa fácil para replicar o sucesso alcançado no ano passado. 35 surfistas do lado masculino e 17 no campo feminino vão estar a postos para destronar este duo.
No setor masculino, Kelly Slater, vencedor em 2010, já deu a entender publicamente após a eliminação em Sunset Beach que deverá vir até Portugal. Será esta a última oportunidade que os fãs portugueses terão de ver ao vivo e a cores o mais laureado surfista da história?
Por outro lado, teremos o muito aguardado regresso de Gabriel Medina a Supertubos. Ali, arrecadou a vitória em 2017 e já não compete desde 2019, naquela que foi uma participação que terminou envolta em bastante polémica. Tudo por causa da interferência sobre o compatriota Caio Ibelli, que mais tarde veio a revelar-se fundamental nas contas finais do título.
Depois, claro há sempre que meter na equação nomes como o atual campeão mundial Filipe Toledo, vencedor em 2015, John John Florence, que triunfou em 2016, ou o campeão olímpico Ítalo Ferreira, o único surfista, até o momento, que conseguiu vencer por dois anos consecutivos em Supertubos (2018 e 2019).
Cartaz oficial do MEO Rip Curl Portugal Pro 2023
Entre as senhoras, a consagrada Carissa Moore e a norte-americana Caroline Marks são as únicas surfistas em conjunto com Tatiana Weston-Webb que sabem o que é vencer no famoso beach break penichense. Contudo, a tropa australiana, encabeçada pela recordista de títulos mundiais Stephanie Gilmore, e as restantes surfistas provenientes do país do Tio Sam, como são o caso das antigas vice-campeãs mundiais Lakey Peterson e Courtney Conlogue, também têm naturalmente uma importante palavra a dizer.
Quanto ao surf português, este ano não está representado a tempo inteiro no Dream Tour, mas isso não será fator impeditivo de vermos os "nossos" com a licra vestida por cá.
Devido à atribuição do wildcard do MEO, um dos 'naming sponsors' do evento, Frederico Morais já tem presença assegurada em Peniche, sendo para já o único surfista português com lugar confirmado. Porém, mais nomes podem vir a juntar-se a Kikas a breve trecho. Ainda há mais wildcards por distribuir, um no feminino e outro no masculino.
Neste âmbito, existe a questão relacionada com Teresa Bonvalot, que poderá receber um wildcard ou beneficiar do estatuto de primeira suplente, caso alguma das surfistas atualmente lesionadas não recupere a tempo. Situação que já permitiu à atual campeã nacional Open fazer toda a perna havaiana, composta pelas etapas de Pipeline e Sunset Beach.
Para acompanhar e co nfirmar live, os dados sobre o estado do mar, podes usufruir da nossa rede de livecams e reports preparada para essa finalidade.
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