Dia 2 de dezembro de 2022. Em termos desportivos, a esmagadora maioria dos olhares estava sobre o Qatar, o país árabe que recebeu o Mundial de Futebol fora da época a que estamos habituados desde sempre.
No Médio Oriente, as melhores seleções do mundo lutavam pelo prémio máximo que há no desporto rei. A mais de 14 mil quilómetros daquela latitude, num arquipélago situado em pleno Oceano Pacífico, havia outros que também tinham o Mundial na mente, no caso o de surf. Nesse mesmo dia, ficou definido no North Shore da ilha havaiana de Oahu que surfistas conseguiram os últimos bilhetes para o comboio do CT 2023.
No setor feminino, Portugal esteve à beira de fazer história nas ondas de Haleiwa, uma das joias da coroa do 'Seven Mile Miracle'. Um verdadeiro milagre foi aquele que operou a australiana Sophie McCulloch para desilusão de Teresa Bonvalot, que ficou às portas de tornar-se na primeira surfista lusa a qualificar-se para o circuito mundial de surf. Foi mesmo por um triz!
O sonho esbarrou naquela maldita final, disputada já a madrugada avançava em Portugal. A vigente campeã nacional Open de surf obteve o terceiro posto no heat conquistado pela adversária 'aussie'. O vice-campeonato tinha bastado para conseguir a tão desejada qualificação.
Após sete etapas ao redor do globo, as duas contendoras terminaram empatadas em pontos no ranking, mas foi a australiana que acedeu ao CT pela primeira vez na carreira, pois o fator de desempate aplicado foi o número de heats conquistados por ambas durante toda a viagem na Challenger Series 2022. Aí, a vantagem pendeu para a vencedora do Haleiwa Challenger, que a dado momento da decisiva jornada nem sequer sabia que ainda tinhas chances de qualificação.
Entretanto, veio o Natal, o ano virou, Teresa Bonvalot foi anunciada como suplente do CT feminino e com o avançar das semanas desembocámos na antecâmara da primeira etapa do novo CT, o Billabong Pro Pipeline, cuja janela de espera arranca já no domingo.
O estado de ânimo destas duas surfistas alterou-se por completo face às notícias mais recentes.
Bonvalot foi chamada para substituir a lesionada Johanne Defay na perna havaiana, composta pelas etapas de Pipeline e Sunset Beach. A vigente campeã nacional e europeia confidenciou que "não estava com grandes expectativas para entrar", mas a verdade é que tudo "acabou por acontecer". Quem diria, depois daquele dececionante desfecho em Haleiwa.
No reverso da moeda, Sophie McCulloch ficou apeada da estreia no CT, para já. O backwash de Snapper Rocks não foi nada meigo e a surfista australiana lesionou-se no tornozelo direito.
Impossibilitada de recuperar a tempo e horas para estar presente na onda rainha do surf mundial, não restou outra solução do que ceder o seu lugar à jovem norte-americana Alyssa Spencer, que durante um certo período daquele campeonato em Haleiwa foi a maior ameaça para Teresa Bonvalot, também acabando por não conseguir a inédita qualificação para a elite mundial.
Através da rede social Instagram, Sophie confidenciou estar "devastada" por falhar a aparição em Pipe. Não é para menos. Está em repouso, sem a possibilidade de fazer o que mais gosta e não pode desfrutar no imediato do resultado daquela verdadeira epopeia em Haleiwa, onde venceu os três heats que surfou no dia das finais. Aquilo que era uma certeza, de repente ficou um mar cheio de dúvidas quanto ao futuro próximo.
Num curto espaço de tempo, nem dois meses passaram desde a dramática final em Haleiwa, tudo mudou. A vida é uma caixinha de surpresas e dá muitas voltas. Umas agradáveis, outras nem tanto, também por isso é tão bela.
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